Custo do gás de cozinha supera 50% da renda dos mais pobres
Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (dieese), em alguns estados da federação, o custo do gás de cozinha supera 50% da renda dos mais pobres. “O aumento [do gás de cozinha] afeta diretamente a taxa de inflação, elevando o custo de vida e depreciando o valor dos salários”, destacou o Dieese.
A pesquisa realizada em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, indica que, em 2017, os rendimentos médios das famílias no 1º decil de renda, ou seja, das 10% mais pobres, variaram de R$ 117,04, no Maranhão, a R$ 773,97, em Santa Catarina. Considerando que uma família usa, em média, um botijão de 13kg [Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)] por mês, e tendo como referencial o preço do botijão no último mês de junho, é possível constatar que o custo do gás de cozinha na renda familiar representou 59% do orçamento entre os 10% mais pobres no Maranhão, 51,5% no Acre e 50,7% em Sergipe. Já entre as famílias do 2º decil, o gás pesou mais no Maranhão (16,5%), Acre (14,1%), Piauí (13,3%) e em Sergipe (13,0%). E menos no Distrito Federal (5,2%), em São Paulo (5,1%) e Santa Catarina (4,2%)”, apontou o Dieese.
Para o Departamento de pesquisa, a política doentia do governo Temer de atrelar os preços dos derivados de petróleo (gasolina e diesel) e de reajustes do preço do gás de cozinha ao mercado especulativo internacional, gerou grandes impactos no orçamento das famílias. “É bastante impactante, porque é um insumo fundamental para a produção de alimentos e, no caso do orçamento, as pessoas têm um dispêndio grande se o preço do combustível e do gás de cozinha é alterado”, explicou o diretor-técnico do instituto, Clemente Ganz Lúcio, em entrevista na quinta-feira (26), ao Rede Brasil Atual.
Para fugir do preço exorbitante, as famílias mais pobres tem trocado o gás de cozinha por álcool, lenha e querosene, por exemplo, uma mudança que tem causado muitos acidentes.
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