Rosa Weber assume presidência do TSE nesta terça
Seis anos depois de ingressar no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), a ministra Rosa Weber assume a presidência da
corte hoje (14) com um encontro marcado com a crise.
No dia seguinte, o PT deverá
registrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Presidência. Militantes prometem cercar o TSE para dar massa e conteúdo
político a um desafio à Justiça, particularmente ao tribunal comandado por
Rosa.
Condenado em segunda instância por
corrupção e lavagem de dinheiro, Lula encaixa-se sem sobras às previsões de
inelegibilidade previstas na Lei da Ficha Limpa. Mas o ex-presidente,
aproveitando-se do cipoal de recursos disponíveis, quer prolongar sua trama
judicial. Desta vez, a arena será o TSE.
Ao sentar-se na cadeira central do
plenário do TSE, ladeada à direita e à esquerda por três ministros, Rosa Weber
terá então um segundo momento decisivo diante do líder petista. Da primeira
vez, Lula saiu derrotado.
Em abril, apesar de já ter votado
contra a prisão após condenação em segunda instância, Rosa defendeu a
colegialidade e é contra mudanças rápidas na jurisprudência.
Essas características a fizeram
ganhar fama de “discreta”, “dura” e “esfinge” em um dos episódios mais
importantes para o Judiciário em 2018: o julgamento do habeas corpus do
ex-presidente no Supremo.
O pedido foi negado por 6 votos a 5,
com Rosa formando a corrente majoritária. Ela invocou o princípio da
colegialidade e argumentou que, apesar de sua posição pessoal, o colegiado
havia reafirmado a autorização para prisão após a condenação em segunda instância
há pouco mais de um ano.
“Aqui já afirmei, mais de uma vez,
que, compreendido o tribunal como instituição, a simples mudança de composição
não constitui fator suficiente para legitimar a alteração da jurisprudência,
como tampouco o são, acresço, razões de natureza pragmática ou conjuntural”,
disse ela na ocasião.
Nascida em Porto Alegre em 2 de outubro de 1948 e torcedora do
Internacional, Rosa fez carreira na área trabalhista, em que até hoje mantém
amigos próximos. Ingressou na magistratura em 1976 e alcançou a presidência do
TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 4ª Região.
Ministros e assessores acreditam que
ela fará menos reuniões e eventos que seus antecessores. Os últimos presidentes
do TSE — Luiz Fux, Gilmar Mendes e Dias Toffoli — são mais expansivos do que
Rosa. Participam de solenidades, concedem entrevistas e valorizam
relacionamentos políticos.
Rosa deve liderar um grupo de perfil
“punitivista”, segundo integrantes do TSE. Barroso será seu vice-presidente, e
o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, assume no fim do mês. O ministro
do STJ Og Fernandes entra no fim do mês no lugar de Napoleão Nunes Maia, mais
garantista.
Ela já ocupava uma cadeira da corte
quando, em 2017, o TSE julgou as contas da chapa Dilma-Temer da eleição de
2014. Votou pela cassação da chapa, mas ficou vencida.
Quando falou sobre os desvios
apontados pelo Ministério Público Federal, disse que o valor envolvido
"obviamente causou inegável desequilíbrio em favor da coligação
vitoriosa".
Para Rosa, ficou comprovado que houve
pagamento de caixa dois. Disse ainda que "se trata de situação de extrema
gravidade com a demonstração de sucessiva e reiterada prática de cumprimento de
compromissos espúrios, pagamento de propina, disfarçados de doação a partido
político até o ano de 2014".
Em 2017, Rosa, Barroso e Fachin —
eles como ministros substitutos do TSE— cassaram o então governador do
Amazonas, José Melo (Pros), e seu vice por compra de votos. Determinaram o
afastamento imediato do político do cargo –antes da análise de eventuais
recursos– e a convocação de novas eleições em três meses. A decisão é apontada
como uma das mais duras do tribunal.
Ela foi nomeada para o TST (Tribunal
Superior do Trabalho) em 2006, no início do segundo mandato de Lula. Em 2011, a
então presidente Dilma Rousseff indicou Rosa para o Supremo.
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