Foi do meu governo para se preparar para ser candidato?, diz Bolsonaro sobre Moro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, em entrevista transmitida nesta segunda-feira (10), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e sugeriu que o agora pré-candidato à Presidência aderiu a seu governo para se lançar na disputa pelo Palácio do Planalto.
Questionado sobre recentes crÃticas feitas por Moro, Bolsonaro primeiro destacou que o ex-ministro permaneceu por um ano e quatro meses na Esplanada.
O presidente repetiu ainda o relato de que Moro teria condicionado uma troca no comando da PolÃcia Federal, como queria Bolsonaro, à sua indicação para uma vaga de ministro do STF. O ex-ministro nega.
"Ele aceitava mandar embora o [então] diretor-geral [da PolÃcia Federal MaurÃcio Valeixo] só em setembro, quando eu o indicasse para o Supremo. Que petulância, que petulância", disse Bolsonaro.
O presidente sugeriu ainda que Moro não tem compromisso com pautas conservadoras como o armamento da população e a oposição ao aborto.
"Nada aparece ali. 'Não, que nós temos que combater milicianos, não sei o quê. Corrupção... Ele ficou um ano e quatro meses comigo, o que eu fiz no tocante à corrupção? Quem tirou o Lula da cadeia não fui eu, foi o Supremo Tribunal Federal", disse Bolsonaro.
Moro abandonou a 13ª Vara de Curitiba para assumir o Ministério da Justiça de Bolsonaro, logo após o segundo turno das eleições de 2018, com a promessa de que teria carta-branca na pasta.
Depois de deixar a Esplanada, o principal revés do ex-juiz ocorreu em junho deste ano, quando o STF o declarou parcial no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do trÃplex.
De acordo com o mais recente Datafolha, Moro aparece com 9% das intenções de voto no primeiro turno –ainda distante de Lula (48%) e Bolsonaro (22%), que têm polarizado a disputa.
Enquanto juiz da Lava Jato, Moro condenou Lula no caso do trÃplex do Guarujá.
O ex-presidente ficou preso por 580 dias em Curitiba. Ele foi solto após o STF ter mudado entendimento sobre prisão após segunda instância, determinando que só pode ocorrer após o trânsito em julgado (fim dos recursos).
Em 2021, o STF anulou as condenações proferidas contra Lula pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba. Meses depois, em uma dura derrota para o ex-juiz, o Supremo declarou Moro parcial na condução do processo.
Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à decisão dos ministros, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, parentes e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.
A posse de Moro no governo Bolsonaro e os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil também pesaram.
Moro e os procuradores sempre repetiram que não reconhecem a autenticidade das mensagens, mas que, se verdadeiras, não contêm ilegalidades.
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